A Inteligência Instintiva para atingir resultados excecionais
Os instintos comandam, direta ou indiretamente, a maioria dos comportamentos humanos, tal como acontece com a generalidade dos outros animais embora nem sempre tenhamos consciência disso e, até, por vezes, estejamos convencidos do contrário.
A grande diferença é que os instintos humanos tendem a expressar-se integrados com emoções (de natureza social) e pensamentos (de natureza criativa, lógica e abstrata).
Muitos deles geram sensações de agradabilidade e de prazer e, outros o contrário. Daí a tendência para alguma viciação, dado o contexto atual de alguma abundância relativamente ao passado.
Eles estão inscritos nos próprios genes, pelo que constituem a própria individualidade e personalidade de cada um.
Os instintos são responsáveis por várias competências básicas do funcionamento do ser humano, nomeadamente as competências de “ler o ar”, de “ler os outros”, de “prever o futuro” e de “preparar respostas” (físicas e mentais) aos vários desafios que percecionamos e vão surgindo.
Muitas destas competências, tendemos a designá-las genericamente por intuição, mas são muito mais que isso, são respostas precisas e inteligentes a problemas de evolução e de sobrevivência específicos.
Por exemplo, num contacto com outro ser humano, os nossos instintos ajudam-nos a responder, quase instantaneamente, a questões como:
- Tem intenções amigáveis? É empático? Pode ser uma ameaça?
- Tem comportamentos próximos dos meus ou diferentes?
- Que interesses tem na relação comigo?
- Tende a ser dominador, neutro ou submisso?
- É saudável ou doente? Corro riscos de saúde de contágio de doenças?
- É confiável? Posso contar com ele?
Por esta razão, os nossos rostos são excelentes telas de comunicação, que lemos com grande mestria, em termos instintivos. Neles lemos as personalidades dos outros e expressamos a nossa, assim como as respetivas emoções e intenções.
Essa leitura, na sua componente visual, para além da configuração geral do rosto, centra-se nos olhos, na boca e no nariz, onde é de facto possível obter respostas para a generalidade das questões instintivamente pertinentes, já que refletem o funcionamento das diversas áreas do cérebro humano. Ela estende-se contudo
também ao nível de outros sentidos, como o dos odores, tato, sabores, etc.
Nas emoções instintivas mais básicas, podemos identificar o medo e a “necessidade de afirmação pessoal”, que facilmente induzem a “ativação de resposta para situações de pico” (muitas vezes designada negativamente por “ansiedade”).
Tratam-se de duas emoções instintivas de grande força e potencial positivo, para a obtenção de resultados excecionais. Desde que as saibamos gerir de forma adequada, naturalmente.
A natureza de força, de determinação e de imposição dos instintos, até contra a “vontade própria”, é a sua principal característica. Estão sempre “ativos”, mais ou menos, consoante o seu grau de satisfação. Não exigem qualquer esforço de motivação ou de mobilização, apenas situações e oportunidades que favoreçam a sua manifestação.
Os instintos são comportamentos geneticamente programados dirigidos para determinados objetivos, como sejam os da uma mera vivência bem sucedida (são exemplo os associados a uma alimentação saudável), de afirmação (por esta razão o ser humano tem instintos de competição muito fortes), de reprodução, e de sobrevivência.
Os instintos resultam de interpretações inteligentes de vivências de milhões de anos, que só muito por acaso seriam exatamente iguais às que vivemos hoje. Daí algumas visíveis descoordenações (como o caso da selecção de comida saudável), mas, no geral, são claramente uma mais valia e constituem um potencial de exploração notável, para além das suas funções básicas, de sobrevivência e de expansão.
Os instintos intervêm em várias outras competências mais comuns, como a atenção, a vontade própria, a aprendizagem, a memória, e, até a própria inteligência, que são determinantes nas capacidades, de adaptação ao meio, de afirmação e de sobrevivência.
A inteligência instintiva, pressupõe a consciência e o conhecimento dos principais instintos humanos, das suas manifestações e da lógica do seu funcionamento, bem como o domínio de práticas, que permitam a sua gestão e a sua condução no sentido da obtenção de resultados excecionais.
A inteligência instintiva é assim crucial na liderança de pessoas, na negociação e venda, e, de uma forma geral, nas relações pessoais, sejam elas de natureza privada ou profissional, como seja a prestação de um serviço em que se pretenda um elevado nível de satisfação e fidelização de clientes.
Fique-se contudo com a noção de que se trata de um mundo tão vasto quanto próximo do essencial da natureza humana, e muito longe do primarismo animal e pouco inteligente que tradicionalmente lhe é atribuído.
Carlos Carreira
Gestor de empresas, coacher, formador, investigador
Autor do livro “Para Lá dos Teus Limites”
ccarreira@exodusconsultores.com